segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Amor é fogo

"Amor é fogo que arde sem se ver/ é ferida que dói e não se sente/ é um contentamento descontente/ é dor que desatina sem doer". Desde o lirismo de Luís de Camões ou dos versos da música de Renato Russo, pode-se retirar a essência de um dos temas mais atuais para os estudos da psicologia e da psicanálise: o sofrimento. As manifestações da arte, como por exemplo, a literatura, a música e o teatro, conseguem ser a mais completa expressão do significado exato do sofrer para os seres humanos. Para a professora de teoria literária da Universidade de São Paulo (USP), Adélia Bezerra de Menezes, sofrimento e paixão caminham lado a lado na literatura:

"Tradicionalmente, na literatura, amor e paixão são sinônimos de sofrimento. O ser humano, em geral, experimenta uma sensação eterna de incompletude. Somos todos doentes de incompletude". "Nos textos literários, principalmente nas canções de amor da Idade Média, é comum observar a busca amorosa. Neste sentido, a palavra grega pathos pode significar o amor como doença". No texto de Fedra a definição de amor que envolve o sofrimento: "Amor é tudo o que existe de mais doce e mais amargo". www.leandromotta.psc.br

Um dos sentimentos mais extremados dos quais o ser humano é capaz. Esta é a definição do teatrólogo Augusto Boal para paixão. "Mas paixão não é sofrimento, é vida. A paixão é libertária. O obstáculo faz sofrer", ele diz. Boal acredita que o sofrimento advém da necessidade quase mórbida que o ser humano tem de estrangular suas paixões. www.leandromotta.psc.br

A escritora Adélia Prado amplia as relações entre a arte, a paixão e o sofrimento, retirando da sabedoria popular o elo entre dor e beleza, e lembra: "Quantas vezes não ouvimos a frase: ‘é bonito de doer!’. A beleza também provoca angústia e, muitas vezes, a arte nasce da dor". O sofrimento na arte é ampliado pela na dor que acompanha a criação artística. "O artista é sempre menor que sua obra e, muitas vezes, isso provoca o sofrimento. O artista quer ser Deus, mas é o servo e não o senhor da beleza".. www.leandromotta.psc.br

Etmologicamente, paixão tem a mesma raiz que padecer. Por isso, a fronteira tão estreita entre o passional e o patológico". Mesmo assim, é possível vislumbrar prazer na paixão. E como diria Drumond: "Amor também é cor, graça e sentido". www.leandromotta.psc.br

Mas por que que os homens sofrem? A teoria psicanalítica de Freud já estudava a dor humana. Para Freud, o sofrimento poderia brotar de três fontes: do corpo, do mundo externo e das relações com os outros. Na sociedade contemporânea, o sofrimento incomoda. "Foi a própria psicanálise que propôs o fim do mal-estar"... entretanto, o sofrimento não acabou, mas adquiriu novas faces, fomentando a violência. www.leandromotta.psc.br

(Texto de Vivianne Guimarães)

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