quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Terapia da Realidade: A Cura da Esquizofrenia?


William Glasser faz parte da pequena parcela de psiquiatras que considera haver uma cura para a esquizofrenia. Ele desenvolveu a Terapia da Realidade, que será melhor abordada no artigo a seguir.

“O doente mental precisa de compaixão, e não de prescrições”

“O doente mental precisa de compaixão, e não de prescrições.”

Um olhar diferenciado www.leandromotta.psc.br

Glasser, assim como os líderes do movimento da antipsiquiatria, considera que o conceito de doença mental, como costumamos entender, é um equívoco. Eliminar a própria ideia de doença mental faz parte desta abordagem, que se intensificou após o fracasso da medicina em tratar o louco. O psiquiatra fala, em suas obras, sobre saúde mental. Este é o seu enfoque, ao contrário do DSM (Manual de Diagnóstico e Estatístico das Doenças Mentais); demonstrando um rompimento com a abordagem médico-tradicional, onde se procura tratar o sintoma ou eliminar sua causa subjacente, ou seja, não há uma metodologia bem delimitada para a promoção da saúde mental, o que há é uma gigantesca demanda de eliminação dos sintomas. Depois de Freud, que pautou sua teoria na existência de conflitos psíquicos, na produção do neurótico ou psicótico, a psiquiatria biológica apóia a ideia de que a doença mental é facilmente explicada por uma disfunção cerebral e bioquímica. Contudo, no ano 2000, na sua última edição de Terapia da Realidade, William Glasser desafia fortemente tal concepção. Ele afirma que nós escolhemos o modo pelo qual nos comportamos, incluindo aqueles comportamentos descritos nos manuais de diagnóstico. Este pressuposto foi denominado de Teoria da Escolha, quando há o entendimento de que as pessoas escolhem suas crenças, que podem ocasionar o próprio sofrimento e, então, à partir daí, haveria a possibilidade de escolher crenças saudáveis mentalmente.

O mito do “Cérebro Doente” www.leandromotta.psc.br

A química cerebral de alguém infeliz é diferente do indivíduo feliz, mas isso não é a causa de sua infelicidade, mas sim um resultado de certas escolhas, onde a química não é permanente – ela pode ser alterada pela seleção do comportamento adequado. O uso das drogas psiquiátricas, contudo, dificultam a identificação das necessidades, podendo, inclusive, prejudicar o funcionamento cerebral, pois há uma adição de substância. Ao contrário de doenças biológicas, como a diabetes. Médicos não afirmam que os diabéticos têm alguma espécie de descompensação química, justamente porque lhes falta algo, no caso, a insulina, para que o corpo funcione corretamente, caso contrário, o corpo falece.

O foco da terapia www.leandromotta.psc.br

A Terapia da Realidade está focada na tese de que o indivíduo precisa reconhecer a responsabilidade que possui sobre si mesmo e sobre a vida. A escolha de um determinado comportamento, que possa ser rotulado como doença mental, demonstra uma incapacidade de satisfação das necessidades básicas de todo ser humano: sobrevivência, amor, poder, liberdade e lazer. Porém, a nossa sociedade está cheia de pessoas optando pela ansiedade, hostilidade, obsessão ou pelo medo. Tais escolhas podem acarretar infelicidade, no momento presente, uma vez que, de acordo com Glasser, a doença mental surge quando há uma incapacidade no presente de lidar com certos conflitos; isso significa que se alguém está infeliz ou sofre de um certo sintoma, é porque não o consegue lidar com isso no presente – é diferente do que outros teóricos defendem, onde o modo como se lidou com algum fato no passado, ocasionaria uma desarmonia atual – e é incapaz de descobrir comportamentos mais eficazes para os quais habitualmente apresenta. www.leandromotta.psc.br

Na Teoria da Escolha todo comportamento é composto por quatro componentes inseparáveis: ação, pensamento, sentimento e fisiologia. A ação e o pensamento tem enfoque na terapia, uma vez que estão correlacionados sobre como um paciente está se sentindo. Não deve-se, assim, tentar mudar a fisiologia ou sentimento, pois não é algo que temos controle direto e previsível sobre tais componentes: www.leandromotta.psc.br

    “Se queremos mudar a forma como nos sentimos – e quase todos os pacientes querem se sentir melhor – então devemos pensar e agir de maneira mais eficaz, em nossas escolhas. Como, por exemplo, ao encontrar um amigo, isso pode mudar a nossa química cerebral de solidão para amor e sentimento de pertencimento.” (p. 56)

Peter Breggin, psiquiatra da mesma linha de Glasser, argumentou que “a depressão, o transtorno bipolar, TDAH ou a esquizofrenia nunca provaram ser algo genético, neuroquímico ou de origem biológica”. Breggin apóia uma terapia com base na empatia e no amor, que pode alterar, de fato, a maneira como nos sentimos.

O aconselhamento www.leandromotta.psc.br

Glasser notou que seus pacientes possuíam uma espécie de insatisfação generalizada na área dos relacionamentos, inclusive, principalmente, com a prevalência do sentimento do fracasso do agir e do pensar. Ele se preocupa em demonstrar aos seus clientes o fato de que eles estão escolhendo a forma como se sentem, frequentemente na dor, porém nesta o cérebro não tem outra alternativa senão encontrar algo para superá-la ou que gere criatividade. Entre os inúmeros sintomas apresentados – delírios, alucinações, obsessões, compulsões e depressão – o sofrimento se expressa, em sua criatividade. Com a ajuda do terapeuta, o sujeito pode escolher parar de prestar atenção naquilo que seu cérebro oferece, através de um processo consciente e de aprendizado. www.leandromotta.psc.br

O psiquiatra aconselha que seus pacientes troquem o “Eu sou deprimido” por “Eu estou escolhendo me deprimir”, pois ao fazer isso, existe a possibilidade de escolher algo novo. Além disso, há um empenho para desconstrução de hábitos destrutivos e punitivos, externos. Através de tal desconstrução, o paciente pode substituir um comportamento destrutivo, pela Teoria da Escolha. Glasser, em seu tratamento, indica que o conhecimento de tal teoria é fundamental para a mudança de comportamento. www.leandromotta.psc.br

Milhares de pessoas são tratadas sem a ajuda de medicamentos hoje em dia, isso porque o tratamento sem a medicação decorre pela falta de poder, muitas vezes, que os terapeutas possuem para receitar um remédio. Embora Glasser se apoie em pressupostos hipotéticos, o seu construto teórico pode propiciar uma mudança de atitude, através da escolha de novos comportamentos e no enfrentamento do papel que o próprio indivíduo empenha na construção de seu sofrimento. A prática propicia uma mudança da passividade, para um controle sobre a própria vida, uma vez que o neurótico, o depressivo e o psicótico, assumiram o papel de vítima. Transformar essa posição vitimesca é o principal objetivo da Terapia da Realidade. www.leandromotta.psc.br

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