quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Hoje penso a ressignificação PNL



Seria um “conceito” somente da neurolinguística?
Não, não é! www.leandromotta.psc.br
É fazer com que pessoas possam atribuir novo significado a acontecimentos através da mudança de sua visão de mundo.

O significado de todo acontecimento depende do filtro pelo qual o vemos. www.leandromotta.psc.br
Quando se muda o filtro, muda-se o significado do acontecimento, e a isso se chama ressignificar, ou seja, modificar o filtro pelo qual uma pessoa percebe os acontecimentos a fim de alterar o significado desse acontecimento. www.leandromotta.psc.br
Quando o significado se modifica, as respostas e comportamentos também se modificam.

Ressignifico, então, um escrito antigo (o original está por aí...)!

Para ressignificar é preciso primeiro silenciar!
Compreendo assim! www.leandromotta.psc.br

Como é bom “escutar” o silêncio...

Ele fala,
sofre,
demanda,
pulsiona,
deseja...
Como é bom...

Essa “escuta” desejante, nem sempre calada, é fundamental! www.leandromotta.psc.br
Pense-o – o silêncio – como se fosse uma JANELA aberta...
“Veremos” e “escutaremos” SEMPRE por esta JANELA...
amor,
dor,
saudade,
verdade,
passado (talvez ressignificado...) www.leandromotta.psc.br
presente,
futuro...

Mas A JANELA SEMPRE fala...
Escute-a...
Sinta-a...
Ame essa JANELA aberta à ressignificação!

(Marcos Castro) www.leandromotta.psc.br

sábado, 14 de dezembro de 2013

A raça humana e a psicanálise

A raça humana está claramente num período muito desafiador. www.leandromotta.psc.br

Problemas como terrorismo e o aquecimento global mostram que estamos nos tornando, cada vez mais, desconectados de nós mesmos, dos outros e do mundo a nossa volta. www.leandromotta.psc.br

Nós entramos em estado de desconexão coletivo que isso ocasionou uma crise que está acordando as pessoas. As pessoas estão ficando cada vez mais maduras para a mudança e a transformação. www.leandromotta.psc.br

Um número cada vez maior de pessoas está se perguntando o que realmente importa na vida e reavaliando a direção da sua vida. www.leandromotta.psc.br

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Mentira e Traição - Psicanálise


Na clínica psicanalítica, não se diferenciam verdades absolutas, mentiras absolutas ou qualquer coisa que seja absoluta uma vez que o importante é a subjetividade e a experiência da maneira como ela se apresenta consciente e inconscientemente. Contudo, hoje quero falar de temas como mentira e traição. www.leandromotta.psc.br
Quando se mente, na minha opinião, deixamos aflorar bastante de nossa humanidade, afinal, mentir é coisa dos humanos, e poderíamos acreditar que ao mentir estamos reproduzindo aquilo que invariavelmente gostaríamos que fosse verdade. www.leandromotta.psc.br
Afinal, se eu digo: "Eu minto!" - Estarei falando a verdade??
Acho que devemos medir o nível de maldade da mentira, quando esta carrega na sua origem todo o nexo causal que pode gerar à outro! Isso é que deve ser visto: O quanto uma mentira pode ferir... o resto é perfumaria! www.leandromotta.psc.br
Acho que a ferida que é provocada, pode ser classificada como a ferida da traição!
Se tem ferida portanto, e se ela vem da mentira, ela pode ser classificada como maldade, e não mais como mentira ou traição. www.leandromotta.psc.br
E assim caminha a humanidade... ferindo e sendo ferido...
Fraterno abraço
André Lacerda - Psicanalista

Dezembro e a reflexão da Psicanálise

Dezembro! www.leandromotta.psc.br

Quero falar dos braços que deveriam estar erguidos no grito de gol, mas que se erguem para calar e matar ... www.leandromotta.psc.br
Quero falar dos dezembros em que tudo parece brilhar e ascender ao entardecer, como se uma mágica habitasse o ar...
Quero falar de velhos simpáticos vestidos de vermelho que multiplicam-se pelas esquinas com sorrisos generosos...
Quero falar dos meninos e meninas que desembestam nessa época, justamente esperando aqueles velhinhos... www.leandromotta.psc.br
Quero falar do verão que se avizinha e que prenuncia cio...
Quero falar de pais e mães que se angustiam pensando se pagam as contas ou se bancam os velhinhos simpáticos vestidos de vermelho... www.leandromotta.psc.br
Quero falar do cheiro das árvores que sempre nessa época parece ser melhor...
Quero falar daqueles que não creem, e no entanto se contagiam com as luzes da época...
Quero falar dos crentes que mesmo nessa época não são simpáticos...
Quero falar de mim... que há muito não creio... mas como na música do Chico... peço à deus por minha gente... www.leandromotta.psc.br
Fraterno abraço
André Lacerda - Psicanalista

A Origem de Afrodite, Eros e Psique!


As origens das duas deusas, Afrodite e Psique , são muito interessantes. Quando os genitais de Urano foram cortados por Crono, caíram no mar e o fertilizaram, dando nascimento a Afrodite ou Vênus. Faltando outro lado, Psiqué nascera quando uma gota de orvalho caíra do céu sobre a terra. A primeira é filha do conflito e da discórdia, mãe da inveja. Psique é fruto do céu, em si reúne desejo e vontade, através dela vê-se o ideal faltando por trás do real.www.leandromotta.psc.br

Em “O Banquete”, Platão, o tema é o amor. Para Aristófanes, o amor nasceu quando Zeus castigou os andróginos, cortando-os em dois: desde então, cada parte cortada procura a outra metade perdida. Mas Sócrates narra uma outra versão : o Amor é o filho da pobre e ignorante Pobreza e do rico e sábio Recurso. Como a mãe, está sempre mendigando e procurando, mas como o pai busca o que é belo e sábio. Entre esses dois extremos, o Amor ama a beleza da sabedoria sem ser sábio: ele é filósofo!...www.leandromotta.psc.br

Sobre cada mito pode-se falar à vontade sem no entanto esgotar seu significado e sentido. Aqui não se tentou esgotar nada, este texto constitui apenas em aperitivo para aqueles que sem medo queiram mergulhar nas profundezas do seu inconsciente e descobrir-lhe as potencialidades e possibilidades sempre a atualizar na construção da consciência. Daqui podemos entender melhor os opostos Eros e Tânatos, amor e morte, pois a paixão não canalizada para o amor pode tornar-se em rancores, rejeição, ódio, isto é; em guerra. Entender a estrutura do amor e as nuanças da paixão é questão de sobrevivência do Ser de cada um de nós.www.leandromotta.psc.br

Assim, encerramos a série Eros e Psique!
Próxima semana, vamos falar do mito de Narcíso!

Fraterno abraço
André Lacerda - Psicanalista
14

Conhecendo os Mitos - NARCISO


Neste texto, me valho dos ensinamentos dos professores Sérgio Lasta e Eustásio de Oliveira Ferraz, a quem agradeço pela bela contribuição. www.leandromotta.psc.br

Narciso era um belo rapaz indiferente ao amor, filho do deus do rio Céfiso e da ninfa Liríope. Por ocasião de seu nascimento os pais perguntaram ao adivinho Tirésias qual seria o destino do menino, pois ficaram muito assustados com a sua beleza rara e jamais vista. A resposta foi que ele teria vida longa se não visse a própria face. Muitas moças e ninfas apaixonaram-se por Narciso quando ele chegou à fase adulta, mas o belo jovem não se interessou por nenhuma delas. A ninfa Eco, uma das apaixonadas, não se conformando com a indiferença de Narciso, afastou-se amargurada para um lugar deserto onde definhou até a morte e restaram somente seus gemidos. As moças desprezadas pediram aos deuses que a vingasse. Nêmesis apiedou-se delas e induziu Narciso, depois de uma caçada num dia muito quente, a se debruçar na fonte de Téspias para beber água. Nessa posição ele viu seu rosto refletido na água e se apaixonou pela própria imagem. Descuidando-se de tudo o mais, ele permaneceu imóvel na contemplação ininterrupta de sua face refletida e assim morreu. No local de sua morte apareceu uma flor que recebeu seu nome, dotada também de uma beleza singular, porém narcótica e estéril.www.leandromotta.psc.br

Narciso é um personagem enigmático e fascinante que traz em si um grande dilema: ver-se ou viver; ver-se e não viver ou não se ver e viver. Não podia conhecer-se, caso contrário não veria a velhice ou a vida eterna, como previra o oráculo. Por isso, era admirado por si mesmo, imobilizado e aprisionado em seu próprio mundo. Não podia se ver para continuar vivendo. Amava e não podia amar, amado, não podia deixar-se amar. Era solitário vagando pela floresta.

O belo Narciso é independente, porém vive na solidão; evita qualquer aproximação, não respeita a sociabilidade. É imerso em si, anula a alteridade (o outro). Tem tudo, basta-se a si mesmo. É prisioneiro de sua própria aparência que lhe é irresistível e isso o faz sofrer. Sofre porque não consegue ter aquela imagem para si. Está tão próximo e ao mesmo tempo tão distante. Representa o eterno dilema da auto-sedução que não se realiza. Tem e ao mesmo tempo não a tem, porque essa é intocável, pode ser somente contemplada. É um amor platônico por si mesmo. Tocar a fonte de Téspias seria deformar aquela imagem tão bela e perfeita.www.leandromotta.psc.br

Seu desejo é devorar-se a si mesmo. Tem a beleza desejada, idealizada, que todos querem possuir. Às vezes isso provoca a ruína, o que significa ver somente o ideal de si, um rosto bonito e não uma pessoa em sua inteireza. É uma imagem com muitos rostos onde o próprio EU não entra e esses rostos se confundem. Há o desejo de se tornar sedutor(a), de despertar desejos. E o sedutor(a) adquire uma imagem que não é sua, tem outra identidade, pois seu ego é frágil, nada sedutor.

Ao contemplar-se nas águas da fonte, sua unidade rompe-se: o que era um parte-se em dois. É arrastado para fora de si. O que Narciso viu? O ideal de si e lutou para não perder essa imagem. Sua posição reclinada para baixo não permite ver a vastidão do horizonte, deixa-o envolto em si mesmo. Por isso a visão que tem do mundo é ínfima. Mas a imagem ideal refletida é inalcançável, isso o leva à morte como punição por não conseguir trazer para si a imagem desejada.

Esse mito, ou lenda simboliza a imobilidade, a solidão e a infelicidade, porque Narciso não conseguiu vencer a sedução da própria imagem. Se isso acontecesse, teria que assumir responsabilidades sociais, enfrentar desafios, a realidade, as desilusões. Não há risco zero na vida. Exemplos? Basta prestar atenção na vida dos animais. Se ficar na toca certamente morrerá de fome e sede. É preciso enfrentar a realidade, mesmo sob o perigo de perder a vida. É também a busca da eterna beleza. Morrendo jovem e belo, seria lembrado assim, com sua juventude perpetuada. É a busca do aplauso, do reconhecimento. Esse ideal do belo provoca desejos irrealizados, prazer em seduzir e despertar desejos. Porém não permite que sejam satisfeitos. Isso leva à melancolia, o mundo perde o valor, a consciência aflige-se com fragilidade.www.leandromotta.psc.br

O grande engano de Narciso foi errar na escolha de amor. Ao invés de dirigi-lo a outro, volta-se para si mesmo e comete um incesto intrapsíquico. Toda sua energia não se liga ao mundo externo e isso é patológico. O que ele ama é a sua sombra, o próprio reflexo, por isso não abandonou as águas da fonte. Somente ali essa ação é possível. Seu desejo era manter-se eterno, perpetuar aquela imagem que o seduziu e a sedução pelo eterno levou-o à morte.www.leandromotta.psc.br

A fonte é o espelho que atrai e arruína. A imagem refletida não é o que aparenta. Mostra o que é e o que não é. Estimula na alma o desejo por uma imagem inatingível. Narciso achou que era a própria imagem, não se individualizou, não separou realidade e fantasia.

Esse personagem também pode ser visto por outro ângulo, pois até aqui parece ser doentio. Todos têm um Narciso em si e isso leva a que cada um procure cuidar do próprio corpo; arrumar-se, enfeitar-se para agradar a si e aos outros demais. Isso não significa que esteja voltando sua capacidade de amar e ser amado só para si mesmo, mas tem a finalidade de encontrar alguém, ir em busca do outro e do mundo.www.leandromotta.psc.br

Logicamente o mito presta-se para muitas outras interpretações. Porém Narciso perambula pela sociedade e está na personalidade de todos.

O mito de Narciso nos mostra que vivemos na superficialidade, nas aparências. Somos seres sem profundidade.www.leandromotta.psc.br

O mito de Narciso sempre quer falar algo do ser humano. De uma forma ou de outra sempre trazemos um Narciso dentro de nós. Narciso diz que cada ser humano tem que descobrir que ele é, e qual o caminho que o conduz à felicidade.

Fraterno Abraço
André Lacerda - Psicanalista
Foto: Conhecendo os Mitos - NARCISO

Neste texto, me valho dos ensinamentos dos professores Sérgio Lasta e Eustásio de Oliveira Ferraz, a quem agradeço pela bela contribuição.
Narciso era um belo rapaz indiferente ao amor, filho do deus do rio Céfiso e da ninfa Liríope. Por ocasião de seu nascimento os pais perguntaram ao adivinho Tirésias qual seria o destino do menino, pois ficaram muito assustados com a sua beleza rara e jamais vista. A resposta foi que ele teria vida longa se não visse a própria face. Muitas moças e ninfas apaixonaram-se por Narciso quando ele chegou à fase adulta, mas o belo jovem não se interessou por nenhuma delas. A ninfa Eco, uma das apaixonadas, não se conformando com a indiferença de Narciso, afastou-se amargurada para um lugar deserto onde definhou até a morte e restaram somente seus gemidos. As moças desprezadas pediram aos deuses que a vingasse. Nêmesis apiedou-se delas e induziu Narciso, depois de uma caçada num dia muito quente, a se debruçar na fonte de Téspias para beber água. Nessa posição ele viu seu rosto refletido na água e se apaixonou pela própria imagem. Descuidando-se de tudo o mais, ele permaneceu imóvel na contemplação ininterrupta de sua face refletida e assim morreu. No local de sua morte apareceu uma flor que recebeu seu nome, dotada também de uma beleza singular, porém narcótica e estéril.
   Narciso é um personagem enigmático e fascinante que traz em si um grande dilema: ver-se ou viver; ver-se e não viver ou não se ver e viver. Não podia conhecer-se, caso contrário não veria a velhice ou a vida eterna, como previra o oráculo. Por isso, era admirado por si mesmo, imobilizado e aprisionado em seu próprio mundo. Não podia se ver para continuar vivendo. Amava e não podia amar, amado, não podia deixar-se amar. Era solitário vagando pela floresta.

         O belo Narciso é independente, porém vive na solidão; evita qualquer aproximação, não respeita a sociabilidade. É imerso em si, anula a alteridade (o outro). Tem tudo, basta-se a si mesmo. É prisioneiro de sua própria aparência que lhe é irresistível e isso o faz sofrer. Sofre porque não consegue ter aquela imagem para si. Está tão próximo e ao mesmo tempo tão distante. Representa o eterno dilema da auto-sedução que não se realiza. Tem e ao mesmo tempo não a tem, porque essa é intocável, pode ser somente contemplada. É um amor platônico por si mesmo. Tocar a fonte de Téspias seria deformar aquela imagem tão bela e perfeita.

         Seu desejo é devorar-se a si mesmo. Tem a beleza desejada, idealizada, que todos querem possuir. Às vezes isso provoca a ruína, o que significa ver somente o ideal de si, um rosto bonito e não uma pessoa em sua inteireza. É uma imagem com muitos rostos onde o próprio EU não entra e esses rostos se confundem. Há o desejo de se tornar sedutor(a), de despertar desejos. E o sedutor(a) adquire uma imagem que não é sua, tem outra identidade, pois seu ego é frágil, nada sedutor.

         Ao contemplar-se nas águas da fonte, sua unidade rompe-se: o que era um parte-se em dois. É arrastado para fora de si. O que Narciso viu? O ideal de si e lutou para não perder essa imagem. Sua posição reclinada para baixo não permite ver a vastidão do horizonte, deixa-o envolto em si mesmo. Por isso a visão que tem do mundo é ínfima. Mas a imagem ideal refletida é inalcançável, isso o leva à morte como punição por não conseguir trazer para si a imagem desejada.

         Esse mito, ou lenda simboliza a imobilidade, a solidão e a infelicidade, porque Narciso não conseguiu vencer a sedução da própria imagem. Se isso acontecesse, teria que assumir responsabilidades sociais, enfrentar desafios, a realidade, as desilusões. Não há risco zero na vida. Exemplos? Basta prestar atenção na vida dos animais. Se ficar na toca certamente morrerá de fome e sede. É preciso enfrentar a realidade, mesmo sob o perigo de perder a vida. É também a busca da eterna beleza. Morrendo jovem e belo, seria lembrado assim, com sua juventude perpetuada. É a busca do aplauso, do reconhecimento. Esse ideal do belo provoca desejos irrealizados, prazer em seduzir e despertar desejos. Porém não permite que sejam satisfeitos. Isso leva à melancolia, o mundo perde o valor, a consciência aflige-se com fragilidade.

         O grande engano de Narciso foi errar na escolha de amor. Ao invés de dirigi-lo a outro, volta-se para si mesmo e comete um incesto intrapsíquico. Toda sua energia não se liga ao mundo externo e isso é patológico. O que ele ama é a sua sombra, o próprio reflexo, por isso não abandonou as águas da fonte. Somente ali essa ação é possível. Seu desejo era manter-se eterno, perpetuar aquela imagem que o seduziu e a sedução pelo eterno levou-o à morte.

         A fonte é o espelho que atrai e arruína. A imagem refletida não é o que aparenta. Mostra o que é e o que não é. Estimula na alma o desejo por uma imagem inatingível. Narciso achou que era a própria imagem, não se individualizou, não separou realidade e fantasia.

         Esse personagem também pode ser visto por outro ângulo, pois até aqui parece ser doentio. Todos têm um Narciso em si e isso leva a que cada um procure cuidar do próprio corpo; arrumar-se, enfeitar-se para agradar a si e aos outros demais. Isso não significa que esteja voltando sua capacidade de amar e ser amado só para si mesmo, mas tem a finalidade de encontrar alguém, ir em busca do outro e do mundo.

         Logicamente o mito presta-se para muitas outras interpretações. Porém Narciso perambula pela sociedade e está na personalidade de todos.

         O mito de Narciso nos mostra que vivemos na superficialidade, nas aparências. Somos seres sem profundidade.

         O mito de Narciso sempre quer falar algo do ser humano. De uma forma ou de outra sempre trazemos um Narciso dentro de nós. Narciso diz que cada ser humano tem que descobrir que ele é, e qual o caminho que o conduz à felicidade.

Fraterno Abraço
André Lacerda -  Psicanalista

Lacan

Toda palavra tem sempre um mais além, sustenta muitas funções, envolve muitos sentidos. Atrás do que diz um discurso, há o que ele quer dizer e, atrás do que quer dizer, há ainda um outro querer dizer, e nada será nunca esgotado.www.leandromotta.psc.br

(Lacan)

Sempre Contardo!

Sempre Contardo!

Se algum dia eu tivesse que apontar os responsáveis ou "culpados" pelo fato de eu ser quem sou, certamente o Psicanalista Contardo Calligaris encabeçaria um rol de uma meia dúzia de três ou quatro...(risos)www.leandromotta.psc.br
Pois eis que o Contardo está hoje na minha cidade e por convergências pessoais e profissionais não estarei lá para pedir a bênção do mestre e prestigiar o lançamento de seu livro Todos os Reis Estão Nus que aliás, recomendo.www.leandromotta.psc.br
Leio que Contardo, depois de lançar o livro vai estar na minha amada Associação Psicanalítica de Porto Alegre, onde vai conversar sobre "As Psicoses 20 anos depois. O que sobra? O que mudou?", comentando a reedição do seu livro Introdução a uma Clínica Diferencial das Psicoses.
O mestre e amigo, concedeu entrevista à jornalista Luiza Piffero do jornal Zero Hora e literalmente "babei" ao ler hoje cedo. Na publicação de hoje, transcrevo um trecho da entrevista que achei muito interessante...;www.leandromotta.psc.br

ZH: Você comenta sobre a importância de encontrar os pressupostos que moldam nossas experiências e opiniões. Como você chega a esses pressupostos?
Calligaris: Sou psicanalista e clínico há 39 anos, meio que mundo afora. Não tenho muito como evitar que a psicanálise constitua meu ponto de vista privilegiado sobre o mundo. Isso não quer dizer que ela seja, para mim, ou para quem quer que seja, uma visão do mundo. Tampouco ela é um método para mim; eu diria que é uma maneira quase involuntária de ser, nesta altura. Uma parte relevante da escuta psicanalítica consiste em apontar os conflitos atrás das certezas, até porque as certezas, em geral, são soluções falsas e muito caras. Um exemplo? A grandíssima maioria das certezas morais são apenas tentativas de reprimir em nós a vontade de cometer os "pecados" dos quais acusamos os outros. Nunca encontrei um homofóbico que não estivesse sobretudo lutando contra sua própria homossexualidade.www.leandromotta.psc.br

ZH: Você pode citar alguns pressupostos que estão por trás da proposta da "cura gay"?
Calligaris: Sei que vai parecer curto e grosso, mas a verdade, às vezes, é curta e grossa. O único pressuposto atrás da proposta da "cura gay" é o desespero de seus proponentes, no esforço para reprimir sua homossexualidade inconsciente.www.leandromotta.psc.br

Com essa, desejo a todos uma ótima sexta feira 13 de dezembro de nossas esperanças....
Fraterno abraço
André Lacerda - Psicanalista

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Amor é fogo

"Amor é fogo que arde sem se ver/ é ferida que dói e não se sente/ é um contentamento descontente/ é dor que desatina sem doer". Desde o lirismo de Luís de Camões ou dos versos da música de Renato Russo, pode-se retirar a essência de um dos temas mais atuais para os estudos da psicologia e da psicanálise: o sofrimento. As manifestações da arte, como por exemplo, a literatura, a música e o teatro, conseguem ser a mais completa expressão do significado exato do sofrer para os seres humanos. Para a professora de teoria literária da Universidade de São Paulo (USP), Adélia Bezerra de Menezes, sofrimento e paixão caminham lado a lado na literatura:

"Tradicionalmente, na literatura, amor e paixão são sinônimos de sofrimento. O ser humano, em geral, experimenta uma sensação eterna de incompletude. Somos todos doentes de incompletude". "Nos textos literários, principalmente nas canções de amor da Idade Média, é comum observar a busca amorosa. Neste sentido, a palavra grega pathos pode significar o amor como doença". No texto de Fedra a definição de amor que envolve o sofrimento: "Amor é tudo o que existe de mais doce e mais amargo". www.leandromotta.psc.br

Um dos sentimentos mais extremados dos quais o ser humano é capaz. Esta é a definição do teatrólogo Augusto Boal para paixão. "Mas paixão não é sofrimento, é vida. A paixão é libertária. O obstáculo faz sofrer", ele diz. Boal acredita que o sofrimento advém da necessidade quase mórbida que o ser humano tem de estrangular suas paixões. www.leandromotta.psc.br

A escritora Adélia Prado amplia as relações entre a arte, a paixão e o sofrimento, retirando da sabedoria popular o elo entre dor e beleza, e lembra: "Quantas vezes não ouvimos a frase: ‘é bonito de doer!’. A beleza também provoca angústia e, muitas vezes, a arte nasce da dor". O sofrimento na arte é ampliado pela na dor que acompanha a criação artística. "O artista é sempre menor que sua obra e, muitas vezes, isso provoca o sofrimento. O artista quer ser Deus, mas é o servo e não o senhor da beleza".. www.leandromotta.psc.br

Etmologicamente, paixão tem a mesma raiz que padecer. Por isso, a fronteira tão estreita entre o passional e o patológico". Mesmo assim, é possível vislumbrar prazer na paixão. E como diria Drumond: "Amor também é cor, graça e sentido". www.leandromotta.psc.br

Mas por que que os homens sofrem? A teoria psicanalítica de Freud já estudava a dor humana. Para Freud, o sofrimento poderia brotar de três fontes: do corpo, do mundo externo e das relações com os outros. Na sociedade contemporânea, o sofrimento incomoda. "Foi a própria psicanálise que propôs o fim do mal-estar"... entretanto, o sofrimento não acabou, mas adquiriu novas faces, fomentando a violência. www.leandromotta.psc.br

(Texto de Vivianne Guimarães)

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Retorno à Freud


Citei várias vezes e repito: Não tem como considerar-se psicanalista, sem ter a essência freudiana. Lacan, em seu seminário de Roma estabeleceu aos seus alunos: "Vocês que sejam lacanianos. Eu, sou e sempre serei, Freudiano!"
Então, vou dar uma folga aos leitores (risos), e deixo de lado (pero no mucho...risos) Lacan e suas teorias ( que ao meu juízo foram as mais efetivas releituras e retorno à Freud) e inicio hoje a série RETORNO À FREUD.

Sigmund Freud, está na minha opinião, entre os 5 maiores pensadores da história humana. Ainda na minha opinião, é o maior deles. Todo mundo cita Freud. Dentro dessas circunstâncias, me surgiu a ideia de escrever a série que inicio hoje. Espero que gostem e através dos comentários, espero também aprender com todos que prestigiarem meu texto. www.leandromotta.psc.br

Vou citar vários biógrafos do mestre. Mas fundamentalmente, vou me apoiar no trabalho da Psicanalista Amina Maggi Piccini (Freud, Ed Moderna, 1986) que notabilizou-se por estudar e ensinar a obra freudiana e na obra citada fotografa com maestria não só as ideias, mas também a vida pessoal e a época do narrado. www.leandromotta.psc.br

Meu trabalho, diferente do usual, começará pelo fim. Vou começar com os últimos momentos, e assim vamos evoluindo até o nascimento.
Então... segue o baile. www.leandromotta.psc.br

No fim da vida a inspiração de Freud foi conseguir terminar a vultuosa obra Moisés e o monoteísmo, o que realmente ocorrerá com sua publicação em 1939, enquanto Esboço de Psicanálise foi deixado inacabado.
Em carta ao amigo Romain Rolland, o fundador da Psicanálise escreveu:
"Uma grande parte da obra de toda a minha vida tem sido gasta tentando destruir as minhas ilusões e as de toda a humanidade."

Penso que essa frase possa ser a mais indicada para iniciar esse estudo de retorno à Freud. www.leandromotta.psc.br

Vejam prezados amigos, que uma narrativa sobre a vida de alguém deveria terminar quando esse alguém morresse. Contudo, isso é impossível em se tratando de Freud, que continua vivo através de suas obras, algumas das quais escreveu competindo com a morte, para que esta não o levasse à linha de chegada antes de concluí-las. www.leandromotta.psc.br

Apesar das dificuldades por que passou, e que vou tentar resumir no decorrer da série, Freud nunca decresceu no vigor de sua produção literária e científica.
Destaco para início de conversa, a grande "briga" que o mestre adotou como sua escrevendo ( em péssimas condições de saúde física) A Questão da Análise Leiga que foi motivada pelo processo que vitimara seu discípulo, não médico, Theodor Reik. Freud colocou-se em posição diferente da de seus próprios discípulos, que preconizavam a Psicanálise exercida apenas por médicos. O mestre, ao contrário, considerava que a Psicanálise não poderia ser apenas "mucama" da medicina. www.leandromotta.psc.br

Ao percorrermos as últimas obras de Freud podemos perceber duas características. A primeira é que várias delas (Psicologia de grupo e análise do ego, de 1921; O futuro de uma Ilusão, de 1927; O Mal estar na civilização, de 1930; Moisés e o monoteísmo, de 1937-1939) abordarão questões culturais, sociológicas, históricas e antropológicas, enquanto ele aprofundava questões clínicas. Todavia, devemos lembrar que para Freud esses estudos não se inserem em áreas separadas da psicologia mas constituem uma continuação dela, vista em suas aplicações mais abrangentes. A segunda característica é que em suas últimas obras Freud traz um tom bem menos otimista, diríamos até bastante pessimista, da condição humana dentro da cultura, que frequentemente nega a verdade psíquica das pessoas que a compõe.

Mesmo com relação ao tratamento, é possível perceber uma diferença entre a euforia de suas primeiras obras e a avaliação meditada dos perigos e limitações quando usado por pessoas despreparadas, ou apressadas, ou levadas pela crença superficial de que a pesquisa do inconsciente possa ser previamente estabelecida quanto ao seu rumo (conforme aparece em Análise terminável e interminável, de 1937).
Amanhã seguimos...
Fraterno abraço
André Lacerda - Psicanalista
www.leandromotta.psc.br

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

A dor da perda do amor

A dor da perda do amor não é sentida apenas quando o outro nos deixa. Ela também é sentida quando não encontramos no outro aquilo que gostaríamos de encontrar, que complementaria a nossa imagem, a nossa ideia sobre o amor. Mesmo quando o outro está presente, ele pode "ir embora". A perda do amor do outro pode ocorrer mesmo quando o outro diz que nos ama. É quando buscamos complementá-lo, de todas as maneiras, apesar de nós, apesar da nossa dor, submetendo-nos, assim, a uma perda antecipadamente criada e sustentada por nós mesmos. (Evelin Pestana, Casa Aberta - Página, Psicanálise, Artes, Educação). www.leandromotta.psc.br

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

O percurso de Freud e a Psicanálise da hipnose à associação livre

a questão da transferência


Freud: from hypnosis to free-association
the issue of transference
Sérgio Zlotnic

Da psicoterapia à psicanálise www.leandromotta.psc.br

Apoiado em bases fenomenológicas construídas a partir das obras de Husserl e Heidegger, por mais de dez anos fui um psicoterapeuta interessado noutras portas de entrada para a alma que não apenas a palavra. Esbarrei, entretanto, no fenômeno da transferência, estrangeiro ao corpo teórico da minha abordagem e que exigia decifração.

Passei, então, a frequentar grupos psicanalíticos de estudo e supervisão com o firme propósito de aprender a escutar os comunicados que a transferência veicula e para os quais me acreditava surdo.

Com a interpretação da transferência, meu novo instrumento de trabalho, recém-aprendido, capaz de desembrulhar tantos nós, pude encontrar novas direções para muitos impasses dos processos terapêuticos dos pacientes que, na época, eu acompanhava. E, como o motorista que instala uma buzina nova, eu me sentia magicamente poderoso, de posse do instrumento que me dava o dom de enxergar além. Desnecessário levantar da poltrona: “simplesmente pela palavra”, podia iluminar regiões escuras e alcançar os confins.

Esta é a primeira lembrança do efeito da psicanálise sobre a minha clínica não psicanalítica. Não tinha a intenção de me tornar psicanalista. Como se tivesse aportado em uma ilha com o intuito de apenas conhecê-la, tudo o que eu desejava era ser um psicoterapeuta que trabalhasse a transferência! Mas o navio já havia sido queimado no porto: as questões da clínica (que “fazem a metapsicologia sofrer”) eram tão envolventes que me levaram, de cipó em cipó, de interrogação em interrogação, para dentro de uma mata cerrada, feita de conceitos e indagações que conduzem a problemas cada vez mais complexos. Fui, assim, me afastando de meu terreno familiar, de minha terra de origem. E demorou para que eu integrasse a idéia de que a análise transcorre na transferência e para que me interessasse, particularmente, pelo estudo das fundações dessa relação durante a formação em psicanálise, à qual passei a me dedicar.

Os temas de meu interesse diziam respeito à questão da técnica psicanalítica e o primeiro mergulho no texto de Freud “Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise” [1] surpreendeu: esta escritura lembra sobremaneira a postura fenomenológica de um psicoterapeuta! Na atenção fl utuante indicada ao analista, vê-se, entre outras, a noção husserliana de Lebenswelt – mundo vivido: o terapeuta busca permanecer no nível do vivido imediato, anterior à refl exão. A postura de um psicanalista, afi nal, pensei eu, não é muito diferente da posição pretendida por um fenomenólogo.

Mais tarde, em “Psicologia de grupo e análise do ego” [2], o tema da hipnose se conecta com as questões do narcisismo e da sugestão. Ali, para esboçar a gênese mítica do ideal do eu, consideram-se as relações do primitivo pai com seu fi lho e de suas semelhanças com outros pares equivalentes do ponto de vista dinâmico: sujeito apaixonado e objeto da paixão; hipnotizador e hipnotizado; e, em certos momentos, sublinhe-se, paciente e analista. A transferência, em seu aspecto-sugestão, está aí contemplada, o que nos reenvia ao tema da técnica clínica: o que ocorreria com a atenção flutuante quando o vínculo analista/analisando esbarra nesta modalidade primitiva da horda primeira? Dito de outra forma, em posição de servil subserviência, pode um sujeito abandonar-se ao sabor do fl uxo das cadeias associativas? Em outras palavras, para chegar a ser sujeito, não está suposto destacar- se da massa hipnótica? www.leandromotta.psc.br

Na contemporaneidade da psicanálise, em que medida as armadilhas da hipnose se atualizam e desafi am o analista em seu lugar de interpretador, em seu lugar de linguagem, engessando- o? Nos episódios em que o instrumento princeps do trabalho analítico, a linguagem, parece entrar em colapso, haveria armadilhas nas quais o analista/terapeuta é capturado? De que natureza são essas armadilhas e qual seu vínculo com o tema da hipnose?

Ao refletir sobre esses momentos de uma análise/terapia, nos quais um obstáculo se interpõe no fluxo do processo do tratamento e precisa ser atravessado, imaginei a existência de duas forças operando na clínica: uma delas, expressando-se na forma das metamorfoses da atenção flutuante e da associação livre, e outra, traduzindo-se com o nome de estados hipnóides. Ambas estariam presentes nos processos psicoterápicos ou psicanalíticos.

Trato neste artigo da passagem da hipnose à associação livre na experiência de Freud, sugerindo que este percurso será necessariamente repetido na prática clínica de todo dia, por menos que um analista queira, ou ainda que não saiba. Tal como a idéia de que a ontogênese refaz a fi logênese, o itinerário de Freud seria obrigatoriamente refeito pela dupla analista/analisando. Não que os analistas, com um pêndulo na mão, tentem hipnotizar de fato seus pacientes. Mas, em certos momentos do suceder analítico, a ligação erótica que vincula analista/analisando se daria à moda da hipnose. Suponho que isso seja um fato da clínica analítica que é, além de inevitável, desejável. A posição exageradamente neutra e distante do analista pode ser tão nociva quanto seu reverso: uma atitude intrusiva. E mais: o analista deve deixar-se capturar pelas forças hipnóticas que insistem em abraçar a dupla do jogo analítico. Donde, abandonar muito precocemente o analisando ao sabor de suas cadeias associativas pode ser, em certos momentos, desfavorável.

Acreditando que o próprio paciente indica os caminhos que inauguram a psicanálise propriamente dita, e que esse caminho passa necessariamente pela transferência, retornei ao “Psicologia das massas e análise do ego”, inspirado num artigo de Alonso [3] que examina dois casos clássicos da clínica freudiana: Emmy [4] e o Homem dos Lobos [5]. A primeira paciente indicou a Freud o lugar de analista a ser por ele ocupado. O segundo, nas palavras da autora, através de sua passividade e docilidade, como que “hipnotizou” Freud, levando-o a atuar: estabelecendo um prazo para o final de sua análise, o analista acata o desejoordem de uma porção do paciente – procedimento que o próprio Freud posteriormente criticou.

O exame desses dois casos teve sobre mim grande impacto. Considerava que o interesse do paciente não seria outro que não o de aconchegar- se na cadeia narcísica dos processos hipnóticos, os quais se oporiam ao laborioso processo analítico de simbolização. Por isso, me surpreendeu que Emmy tivesse rompido por conta própria a cadeia especular que capturava analista e paciente. Apoiado também em meu trabalho prático, cheguei a esta conclusão, de que o paciente pode empurrar o processo na direção daquilo que a psicanálise deseja e facilitar o tratamento naqueles momentos em que a resistência do analista está presente. Em relação ao segundo caso examinado por Alonso em seu artigo, o que mais me intrigou foi a inversão de papéis: intrigante pensar, como faz a autora, que o hipnotizado (Homem dos Lobos) teria o poder de contra-hipnotizar – ou lançar contraordens. É assim que ela entende o procedimento de Freud no caso: ele estaria obedecendo a uma contra-ordem do paciente, estabelecendo um limite para sua análise. Interessei-me pela questão da hipnose a partir daí, motivado por esta dúvida/questão: quem hipnotiza quem?

Posteriormente, me deparei com o trabalho minucioso do psicanalista francês Léon Chertok [6], cujas propostas são surpreendentemente próximas daquilo que eu estava desenvolvendo. Também Chertok parece acreditar que a hipnose está presente na clínica psicanalítica, o que, para ele (e para mim), não é algo a ser lamentado nem evitado. Utilizando-me da riqueza de seu livro, pude encontrar algumas indicações que vinculam a passagem da hipnose à associação livre (que inaugura a psicanálise) ao texto de Freud de 1920 [7], que impõe uma nova postura técnica da parte do analista, como se sabe.

A hipnose e o trauma www.leandromotta.psc.br

A princípio, a hipnose parecia consistir num instrumento puro de rememoração, confiável e “científico”. Como se o médico fosse apenas o aplicador de uma técnica e nada tivesse a ver com o material que emergisse do paciente. A esse material – lembranças traumáticas – era atribuído o estatuto de fato realmente ocorrido, ligado a afetos estrangulados ou não expressos à época do acontecimento, mas que, uma vez liberados (recordados), eliminariam o sintoma neurótico que ocupava o lugar de sua rememoração.

Há, porém, um elemento misterioso em ação por trás da hipnose: os afetos liberados por esta técnica dirigem-se a um terceiro ausente, em algum ponto entre o hipnotizador e o hipnotizado. Além disso, os afetos descobertos talvez não sejam simplesmente liberados mas, em certa medida, criados. Fica claro que o laço estabelecido entre médico e paciente neutro não é, e que a lembrança que a hipnose desperta nos pacientes é construída e não de fato ocorrida. Sendo assim, a técnica estaria condenada (ela simplesmente encontraria os traumas que o médico deseja!) porque falseia a realidade, fazendo voltar à memória do paciente acontecimentos traumáticos que não ocorreram realmente, mas foram imaginados.

Com a noção psicanalítica de fantasia construída pelo sujeito, a estratégia passa a ser o conhecimento desse campo atravessado pelo desejo. A origem da neurose estaria, então, dentro do paciente e não em um evento externo a ser perseguido, ainda que a história efetivamente ocorrida – e absolutamente irrecuperável – certamente o tenha marcado. A teoria da sedução é abandonada com a compreensão de que os traumas sexuais seriam fantasias imaginadas pela criança para se defender de sua própria pulsão projetada: a fantasia cria o trauma! Em outras palavras, o trauma é uma fantasia forjada pelo desejo. O abandono da hipnose coincide, portanto, com a descoberta da transferência: poderosos e descontrolados afetos são dirigidos para a (e mobilizados pela) figura do médico, que passa a consentir em ocupar vários lugares no imaginário do paciente e não apenas aquele do hipnotizador. Sustenta-se sobre esta base a idéia de transferência. Embora o amor do paciente seja dirigido ao médico, ele não deve se acreditar o único alvo desse afeto. Reedições de um passado esquecido estão constantemente em jogo na cena analítica.

De um único lugar diante do paciente, o analista passa a ocupar lugares diversos, ao gosto (do inconsciente) do paciente. E a cena terapêutica, que parecia um espaço neutro, no qual se desenrolava a luta contra o esquecimento, com o médico se acreditando um observador isento, se torna mais complexa, dando lugar à cena analítica. Para que os múltiplos personagens que habitam o paciente se apresentem, o analista se oferece, com seu corpo e sua escuta, como alvo das projeções e transferências que irão, dessa forma, revelar a textura dramática do mundo de seu paciente – sua história, fantasia e fatos traumáticos, ocorridos ou construídos. Este aspecto, inclusive, deixa de ter importância, uma vez que os fenômenos ganham o estatuto de realidade psíquica.

O analista permite que surja, assim, espalhada no tempo de uma análise, a ilusão do analisando, sem compartilhar da convicção de que essa ilusão tenha sido fato algum dia. Apesar de a suspeita – a história relatada pelo paciente pode não ter sido a história ocorrida – ser parte irreversível da atitude do analista, este nunca duvida da verdade psíquica dos fatos que permeiam a viagem analítica de cada paciente. Verdade psíquica que não coincide com a verdade dos acontecimentos factuais, agora para sempre perdida. www.leandromotta.psc.br

Retomando o artigo de Alonso mencionado acima, ao refl etir sobre a questão da sugestão na transferência, a autora se detém por um momento na análise do “Homem dos Lobos” [8]. Depois de quatro anos de análise, Freud decide colocar um prazo para interromper o tratamento desse paciente que se encontrava por muito tempo “numa atitude de indiferente docilidade”: o que imperou nesse momento clínico foi a sugestão, afi rma Alonso. Diz ela:

Freud, a partir do lugar de ideal do ego, exerceu um ato de sugestão. É como se, pela passividade, o Homem dos Lobos tivesse solicitado a Freud “colocar a mão na sua fronte”. É como se Freud, ao responder à demanda, tivesse re-instaurado uma continuidade especular, deixando ambos aprisionados numa estruturação narcisista [9].

Donde, para nós, a pergunta: desse par analista/ paciente, que teria derrapado para um terreno minado de armadilhas da hipnose, quem é o hipnotizador, quem é o hipnotizado? Quem teria pressionado a testa de quem? Intrigante imaginar, com Alonso, que Freud teria cedido a uma contraordem do paciente. Claro está que no tratamento do Homem dos Lobos, iniciado em 1910, Freud já havia abandonado há tempo o hipnotismo. Pois então: não basta abandonar a hipnose para abandonar a hipnose! Haveria armadilhas hipnóides que continuariam a contaminar o campo e a capturar o analista. Um caldo narcísico a ser atravessado: como se o analista tivesse de inaugurar a psicanálise a cada vez e com cada paciente, encontrando a saída da prisão de continuidade especular. Como se o caminho de Freud, das técnicas da hipnose à técnica de associação livre, tivesse de ser novamente percorrido, eis nossa tese.

A realidade psíquica www.leandromotta.psc.br
Ainda quando Freud utilizava a hipnose sustentando uma atitude de insistência e pressão, interrogando seus pacientes para arrancar seus segredos, sua paciente Emmy von N. [10] sugere que ele pare de pressionar e a deixe falar livremente. Sempre com Alonso, nesta solicitação, “Emmy abre brechas no campo da sugestão”, como que indicando a Freud seu lugar de analista. Lugar de escuta a ser encontrado fora do modelo surdo da escolha narcisista de objeto. Mas, sugiro, para que este novo lugar seja encontrado, parecem necessárias operações prévias que incluem assassinar um pai, quebrar um tabu, haver- se com o próprio desejo. Na medida em que, para Freud de 1921 [11], o indivíduo que se libertou do grupo teria sido o primeiro poeta épico, pareceria coerente sugerir que o ato psíquico que leva até a saída da prisão de continuidade especular (do circuito narcísico, da armadilha da hipnose) seria sinônimo de um ato poético: apreender, em palavras, sensações que seriam pura intensidade. Da mesma maneira, o outro estaria fora do circuito narcisista e só poderia ser alcançado num salto. Salto que possibilitaria apreender uma outra imagem, que não a de si mesmo, no olhar do segundo elemento da dupla.

Consentir em ser apanhado pela armadilha da hipnose e ali permanecer, pelo tempo que fosse necessário, daria a analista/analisando um chão preparatório para o salto poético. Pois não foi depois de um tempo de submissão ao pai, e somente depois disto, que o fi lho poeta épico se fez sujeito e encontrou uma posição diferente daquele lugar comum, da massa, em que estava prisioneiro? Teria, assim, que haver um tempo de ilusão, um tempo de acreditar numa relação dual narcísica, antes de operar a passagem da hipnose à associação livre. E esta passagem, note-se, poderia ser facilitada e até inaugurada pelo próprio paciente – que também empurra o analista na direção da psicanálise. Recusar este tempo de hipnose poderia ser traumático e tão nocivo quanto permanecer indefi nidamente prisioneiro das cadeias narcísicas.

Dentre as razões que levam Freud ao abandono da hipnose em si, enquanto técnica, destaco três (e desconsidero o motivo anedótico segundo o qual Freud teria sido um mau hipnotizador!). Em primeiro lugar, ela intensifi ca ao máximo a transferência como efeito da sedução que captura médico e paciente – o analista, que sente superada magicamente sua impotência fundamental em relação à verdade do outro, e o analisando, que encontra o profi ssional onipotente, encarnação do grande Outro que possui todo o saber. A transferência recém-descoberta, necessária, inevitável e motor da análise, é de tipo positivo e moderado para o sucesso do tratamento. Na hipnose, como demonstra o mesmo texto de Freud de 1921, apenas uma posição transferencial ganha máxima intensidade: a posição do fi lho da horda primitiva em estado de terror e fascínio diante do pai todo-poderoso. A análise recém-inaugurada passará também necessariamente por aí. Mas não ficará congelada nessa única modalidade de ligação erótica, grave e monotônica, na qual uma “prisão de continuidade especular” se deflagra [12]. www.leandromotta.psc.br

O segundo motivo para o abandono das técnicas hipnóticas diz respeito à idéia de resistência: a hipnose a serviço da catarse, ainda que pretendesse também operar pela via de levare (na medida em que levanta lembranças traumáticas e as desmancha, lembranças que repousavam nos porões do sujeito hipnotizado), não se coaduna com a análise da resistência. As resistências são um poderoso indicador dos caminhos a serem trilhados nos labirintos da clínica. Quanto mais perto estivermos dos núcleos patógenos, daquilo que interessa numa análise, daquilo que contém verdade, tanto maior a resistência do paciente em permitir a aproximação. A resistência sinaliza, portanto, as portas a serem abertas no processo. Prescindir das resistências, como ocorre na hipnose, signifi ca perder um importante indicador.

A terceira razão para o abandono da hipnose, como já apontamos, refere-se à idéia de fato. A noção de um fato efetivamente ocorrido a ser recuperado pelo tratamento foi desmontada. Com isso, o trauma perde o caráter de verdade factual. No registro da fantasia, no qual agora a análise vai transcorrer, as lembranças são construídas e passam, necessariamente, pela transferência que atravessará o processo – cada passo, cada recordação – de cabo a rabo. Com o nascimento da psicanálise, o analista está cabalmente implicado em cada um e em todos os movimentos do analisando. O lugar de cientista neutro, escavando ruínas arqueológicas, utopia impossível, fi ca para sempre perdido. A legitimidade da psicanálise enquanto ciência terá de ser encontrada noutro lugar. A verdade que se descobre numa análise é da ordem da ficção.

Cabe aqui diferenciar a técnica hipnótica a serviço da catarse, da sugestão hipnótica pura e simples: a primeira pretende operar pela via de levare ao passo que a segunda se situa na via de porre. A primeira busca acontecimentos traumáticos acreditando que tenham realmente ocorrido e que podem ser desmanchados com a rememoração. Todo material produzido nessa terapia, na concepção do terapeuta, pertence ao paciente. A segunda acrescenta ao material que emerge do paciente as idéias-substância fornecidas pelo técnico, colocando ali, por conseqüência, elementos externos ao paciente – tanto assim que, para Kohut, o nascimento da psicanálise se dá com o abandono da sugestão direta e não com o abandono da hipnose que, para ele, pode ser psicanalítica [13]. Assim, tomando essa idéia de Kohut ao pé da letra, desembocaríamos na seguinte indagação: haveria ilhotas de psicanálise no campo da hipnose?

Embora Freud nunca tenha desistido completamente de precisar a história ocorrida de fato e que teria marcado o sujeito, buscando por vezes encontrar a hora exata e o acontecimento pontual – que faria da psicanálise, enfi m, uma ciência? – como no caso do “Homem dos Lobos” [14], no caminho teórico empreendido, as idéias de fantasia e de representação psíquicas foram reduzindo a importância do fato efetivamente ocorrido na história do sujeito.

Com a idéia de fantasia, portanto, o trauma fica transformado: a cena impactante (traumática) pode não ter ocorrido, mas ter sido fantasiada. Traumas poderiam ser então construções da fantasia, representações que acima de tudo expressariam as criações do sujeito e o seu desejo. O fato, nesse momento inaugural da psicanálise, seria algo para sempre perdido. Obviamente o arranjo peculiar do psiquismo de qualquer sujeito é marcado pelo ambiente, meio externo e pela história vivida, mas o peso e a ênfase recaem agora nas construções intrapsíquicas desse sujeito que faz um trauma porque tem desejo.

Entretanto… o trauma insiste!  www.leandromotta.psc.br

Sugerir, como fazemos aqui, que o percurso de Freud, da hipnose à associação livre, seja necessariamente repetido na clínica contemporânea, signifi ca retroceder na teoria psicanalítica e, ao mesmo tempo, avançar na história da psicanálise, contemplando as duas tópicas. Significa recuperar a verdade do trauma da época das técnicas hipnóticas e interrogar novamente a noção de um fato – fantasia ou fato realmente ocorrido? Significa des-inaugurar a psicanálise para poder re-inaugurá-la adiante. E não estamos sozinhos nisso. Senão vejamos:

Em primeiro lugar, acreditamos que, do ponto de vista técnico, ao sublinhar o aspecto traumático presente no seio da clínica psicanalítica cotidiana (e interrogá-lo), o analista ganha um lugar de escuta peculiar, no qual pode circular no cenário analítico com fl exibilidade e melhor responder – mesmo que nada expresse – às demandas do analisando.

Pensando assim, estaríamos de acordo com Freud de 1920 [15] que, ao recolocar a traumatogênese na equação etiológica da neurose, re-desperta a abandonada teoria da sedução.

Estaríamos também de acordo com Ferenczi que, levando às últimas conseqüências justamente esta escritura de Freud, “Além do princípio de prazer” acaba por desembocar na neocatarse [16]. Não seria irrelevante mencionar aqui que, com a teoria da sedução generalizada [17], Laplanche está, ao menos teoricamente, em sintonia com Ferenczi…

Finalmente, ao sugerir essas idéias, estamos em conformidade com um movimento de retorno freudo-ferencziano da psicanálise atual [18], recuperando um Freud mais antigo, da psicoterapia e da catarse – muito embora não se cogite repetir literalmente as condutas de Freud do tempo da teoria da sedução: trata-se, apenas, de reconhecer e dar espaço no cenário analítico aos fenômenos da ordem de um trauma (e apreciar seus efeitos) – e concluir que, na história da psicanálise e no percurso de Freud, nada deve ser descartado como obsoleto, porque o que foi abandonado retorna mais tarde solicitando lugar, legitimidade, cidadania.

Na contemporaneidade, vale a pena observar a literatura psicanalítica recente e apreciar a quantidade de artigos relativos a pacientes difíceis, aqueles que desafi am o lugar do analista – em especial os que desafi am a clínica do recalque (borderlines, por exemplo), que exigem, mais que os demais, que o analista descubra maneiras de reescrever a psicanálise, descendo ao nascedouro de sua ciência, no século retrasado, e procedendo a um trabalho de gênese.

Cabe por fim confessar que, ao afastar-me da psicoterapia e abraçar a clínica psicanalítica, não tinha como saber do meu irônico reencontro com uma fenomenológica experimentação habitando o umbigo e os porões da psicanálise. Reencontro com uma psicoterapia que, desde 1920, se reinstala na metapsicologia e na técnica psicanalíticas.

Meu propósito aqui era dar uma panorâmica da passagem da hipnose à associação livre. Os passos e o contexto, em maior detalhe, que levam Freud a operar seu salto – e fundar a noção de fato psíquico – e, especialmente, o efeito da pulsão de morte no corpo teórico-clínico da psicanálise (que faz retornar com força a noção provisoriamente abandonada de um trauma) serão examinados em maior profundidade em outro artigo. www.leandromotta.psc.br

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Compulsão por compras uma solução com a Hipnose e Hipnoterapia


A compulsão por comprar ou oneomania, se caracteriza pela convulsividade ou vício em adquirir coisas. No paciente oniomaníaco, a necessidade por comprar, é a mesma encontrada em um adicto de drogas. Considerada uma doença, normalmente está associada a ansiedade, depressão, instabilidade do humor, impulsividade, sentimentos de frustração, transtornos alimentares e mesmo o consumo de drogas. http://www.leandromotta.psc.br/tratamentos/compulsao-por-compras

Na tentativa de aplacar seus desejos, o paciente compra, por vezes sem necessidade, sem utilidade. Apenas pela sensação de possuir, de comprar, isso lhe proporciona prazer. Momentaneamente, esse ato pode dirimir o sentimento de frustração, angústia ou mesmo da depressão. Entretanto, tal alívio é fugas, logo o desejo se refaz e a vontade de possuir aflora. Um ciclo vicioso que o indivíduo não consegue controlar. Mesmo que aja o prazer no ato, o momento seguinte pode trazer intenso sentimento de culpa, remorso e frustração pela incapacidade de se controlar. http://www.leandromotta.psc.br/tratamentos/compulsao-por-compras

O efeito colateral é que além de acumular coisas que não irão ser usufruídas, também divida que se acumulam sem controle. Pois o oniomaníaco acaba por gastar mais do que ganha, e até mesmo se coloca em situações embaraçosas, como passar cheques sem fundo, omitir suas reais condições financeiras, e mentir para familiares, além de causar prejuízos financeiros a estes.

A hipnose é uma ótima ferramenta para trabalhar essa compulsão. É a forma de terapia que mais vem alcançando resultados positivos. Após um mapeamento da realidade individual do paciente, sua história de vida, a cultura vigente em sua educação e o histórico da compulsão em si, tem-se início a parte prática do tratamento. Trabalha-se tanto os sintomas associados, como a ansiedade, além das possíveis causas que levam o paciente a esse descontrole. Há muitas questões inconscientes que o levam a tal comportamento, e isso precisa ser elaborado, ressignificando, transformado. Dando a possibilidade do paciente de se libertar, tendo assim o poder sobre suas escolhas e decisões. Estando no controle de seus pensamentos, estará no controle de seus sentimentos e comportamentos. http://www.leandromotta.psc.br/tratamentos/compulsao-por-compras


mais-informacoes agende-sua-consulta

sábado, 2 de novembro de 2013

No veneno está o antídoto - solução com a hipnoterapia


Milton Erickson (1901 1980), psiquiatra norte-americano, estudou e desenvolveu a comunicação para melhor atender seus pacientes utilizando a hipnose como ferramenta básica de trabalho. Logo cedo ele percebeu que cada indivíduo respondia diferentemente às técnicas e aos estímulos apresentados, e por isso passou a utilizar a hipnose de forma única; adaptada à realidade individual apresentada pelo paciente. Milton Erickson direcionava a atenção de seu cliente para aspectos de interesse e utilizava a linguagem pessoal (a forma como cada pessoa se comunica com ela mesma) a seu favor.

A hipnose é uma forma de comunicação que pode provocar mudanças no pensamento, no sentimento e no comportamento. Embora as pessoas procurassem Milton H. Erickson com dificuldades, problemas e doenças aparentemente iguais aos manifestados por tantas outras, os motivos da queixa eram diferentes para cada paciente. E, na medida que se respeitava essa individualidade, sem seguir regras gerais e padrões pré-estabelecidos acerca do comportamento humano, os pacientes melhoravam de forma mais rápida e eficaz. Milton Erickson, conduzia seus pacientes a um novo estado, proporcionando a esperada remissão dos sintomas. Ele utilizava aquilo que o próprio paciente trazia como ferramenta para a cura e o encontro de novas saídas. Muitas vezes, o antídoto era feito com o próprio veneno ou ele entendia que o problema em si fazia parte da solução . Milton Erickson contava histórias, usava metáforas, propunha tarefas e sugeria atividades como forma de intervenção. www.leandromotta.psc.br

As experiências vividas se tornam aprendizagens e durante o transe hipnótico é possível desenvolver novas aprendizagens, reformular o pensamento, aprender outros hábitos, descobrir qualidades insuspeitas. As experiências vividas não podem ser modificadas, mas é possível criar uma nova moldura, re-enquadrando e transformando a percepção do viver e conseqüentemente adquirindo outros comportamentos e atitudes perante a vida.

Pode-se dizer que fazer psicoterapia consiste em refletir sobre a própria realidade para que se possa adquirir e/ou desenvolver o reconhecimento da responsabilidade sobre si mesmo. Esse aprendizado possibilita a reconstrução contínua das experiências vividas ou imaginárias, pois é através dos recursos internos que a pessoa poderá compreender, solucionar e adaptar-se diante de antigas e novas experiências. www.leandromotta.psc.br

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Técnicas de Programação Neurolinguística (PNL) para Timidez e Depressão



A PNL trabalha com a reprogramação mental. A “grosso modo”, podemos dizer que ela nos oferece uma série de conteúdos para que possamos reprogramar e transformar a nossa “máquina mental”, escolhendo melhores pensamentos e atitudes positivas.

Técnica de PNL para Timidez www.leandromotta.psc.br

Se você é daquelas pessoas que têm pavor de falar em público essa técnica lhe será muito útil. Você irá utilizar a sua imaginação, pois observe que qualquer fobia deve-se à uma imagem ou estrutura psicológica formada através de nossos pensamentos e crenças. Uma pessoa que tem medo de barata na verdade é afetada por uma imagem monstruosa sobre este inseto, e não sobre a barata “real”.

Vamos à técnica? www.leandromotta.psc.br

Quando estiver em público, imagine a seguinte situação na sua mente: visualize a situação apavorante como se fosse um desenho animado. Se estiver em uma sala de aula, por exemplo, veja mentalmente todas as pessoas em formato de desenho. Toda e qualquer fala que possa advir delas terão o som da voz do Pato Donald. Nesse momento, você é um gigante, com voz grossa e soberana. Mantenha firme essa situação na sua mente. O resultado é praticamente instantâneo.

Técnica de PNL para Depressão www.leandromotta.psc.br

Essa técnica, de maneira alguma, visa combater e curar uma depressão profunda. A depressão é uma doença grave e deve ser tratada o quanto antes, no entanto, o seguinte exercício serve (SEMPRE) como auxiliar a todos nós, no momento em que estamos tristes ou depressivos. Note que os cães costumam estar sempre felizes e animados – eles têm a sorte de ter que olhar pra cima o tempo todo para os seus donos.

É muito simples! Basta você focalizar a sua atenção no teto da sua casa, por cerca de 3 minutos. É fato sabido que pessoas depressivas tendem a olhar sempre pra baixo, como consequência, despertam a imagem mental de tristeza, agravando mais ainda a situação.

Você pode também olhar para o céu azul. O importante é olhar para cima, pode ser algum objeto ou quadro da sua casa. Faça isso regularmente, vai te fazer bem.

Criando uma “Memória do Futuro” – Técnica de PNL - Programação Neurolinguística



Ano novo chegando e com ele novas metas, objetivos e mudanças. Uma das maneiras de reprogramar a nossa mente é fazê-la com que acredite em uma ideia que sequer aconteceu. O exercício, para criar uma “memória do futuro”, é prático e pode servir como um dos instrumentos para transformarmos nossas vidas.

A imaginação pode transformar nossos cérebros.

Embasamento científico www.leandromotta.psc.br

Muitos dos estudos científicos publicados em revistas do gênero possuem uma linguagem mais complicada para o entendimento do público leigo. Um dos motivos é não estarmos acostumados em pensar cientificamente no nosso dia-a-dia. A forma como um estudo é interpretado pode fazer a diferença quando queremos utilizá-lo para o autoconhecimento e mudança de atitude. Alguns pesquisadores costumam criticar a Programação Neurolinguística, pois ela lida com experiências subjetivas, o que pode ser considerado um problema para a objetividade do método positivista. Entretanto, a PNL pode ser considerada um método, não exatamente uma ciência, que se preocupa mais com os resultados do que com respaldo científico¹.

A técnica descrita a seguir pode ser pensada como um dos instrumentos terapêuticos para mudança de comportamento. A PNL não seria o carro-chefe de um tratamento psicológico. Ela é melhor vista como um auxílio. A respeito da funcionalidade da técnica, podemos correlacionar aos estudos da neurociência ou da própria psicologia. Carl Jung, por exemplo, enfatizou para o fato que não há temporalidade em nosso inconsciente. Já outros estudos apontam que para o nosso cérebro há pouca ou nenhuma diferença entre imaginação e ação², portanto, visualizar uma realidade pode fazer com que nossa mente realmente entre no “clima” proporcionado por um ambiente diferente. Porém, no caso, fazemos um processo reverso: tornamo-nos autores de nossas vidas e, assim, transformamos a realidade externa...

A técnica www.leandromotta.psc.br

O exercício é simples: tudo que você precisa fazer é escrever uma “carta do futuro” para um amigo, familiar ou para si mesmo. Nesta carta você irá contar o que aconteceu com você nos últimos 6 meses. O verbo precisa estar no passado, como se tudo já tivesse sido concretizado. Você pode colocar realizações a nível psicológico, profissional, ou qualquer outro campo de sua escolha. Você irá ler a carta, no mínimo 2 vezes por semana, durante 3 meses ou mais, de preferência, antes de dormir ou no momento em que acordar. Porém, você repetir o exercício quantas vezes a mais desejar. É muito importante que, toda vez que ler a carta, sentir que a sua antiga personalidade ou realidade já faz parte do passado.

Abaixo segue uma carta-exemplo: www.leandromotta.psc.br

“Oi Sonia, tudo bom? Estou escrevendo esta carta para te contar o que aconteceu comigo nos últimos 6 meses. Através do estudo e das experiências de vida que passei pude questionar minhas verdades e crenças profundas. Vinha passando, neste período, por um forte processo da autoanálise. Percebi o quanto era pessoa negativa, pessimista e mimada, por querer tudo do meu jeito. Hoje, não quero mais mudar os outros. Eu os aceitei da maneira como são. Da mesma forma, consigo ver coisas boas todos os dias. Agora me concentro nelas pois sei que sou responsável por aquilo que sinto. Como consequência parei de culpar os outros e a vida pela minha própria infelicidade. Deixou de fazer sentido ficar preso ao passado. Sonia, você se lembra como era há algum tempo atrás? Não me aceitava e me autoagredia o tempo todo. Agora posso colocar o meu afeto no mundo de maneira positiva. Não tenho mais medo de amar os outros ou demonstrar meu amor pelos mesmos. Me sinto disposto e bem motivado. Acordo com uma energia incrível sabendo que tenho muito a aprender e realizar. Sei que novas mudanças e turbulências virão, mas estou preparado para enfrentá-las sem deixar de confiar em mim.”
www.leandromotta.psc.br

Fagocitose Hipnótica



Quais crenças você se deixou sugestionar? www.leandromotta.psc.br


“A crença cria o fato real”- William James

O nosso cotidiano e este ambiente conturbado em que vivemos, exige que tenhamos uma posição racional e reflexiva, se quisermos manter nossa saúde mental. Recebemos informações de todos os lados – pensamentos, crenças e atitudes das outras pessoas. Em uma perspectiva subjetiva, que existe desde a nossa infância, acabamos por incorporar determinadas ideias, advindas do senso comum. É uma espécie de sugestionamento que passamos; é como um feitiço, no qual entramos, inconscientemente, sem perceber. Muitos de nós morremos hipnotizados. Sendo mais claro: morremos cópias dos outros. www.leandromotta.psc.br

De fato, todo sugestionamento, na verdade, é uma autossugestão. Um hipnólogo não consegue impor nada a ninguém – ele sugestiona, empresta uma crença ou um pensamento, que apenas será incorporado ou aceito, caso o sujeito o permita. Isso talvez explique o motivo de pessoas passarem por uma mesma situação, e observarem as coisas de um modo singular e único. Para alguns, um olhar de desprezo de um pai, ou uma palmada de uma mãe, pode fazer com que este episódio persista durante anos, em suas mentes – acarretando tristeza e solidão. Para outros, isso é absolutamente irrelevante. Uma das coisas impossíveis de ser feitas, já havia dito Freud, é educar. Eduque-o, de qualquer forma há de educá-lo mal – disse o pai da psicanálise (Cifali, 2009). Prevenir o sofrimento e a angústia por completo, certamente, é impossível, pois a subjetividade atravessa a previsibilidade mecanicista da ciência tradicional; é algo que está para além. www.leandromotta.psc.br

Se as crenças dos outros são aceitas através de uma via subjetiva, então a maneira de transformá-las irá exigir introspecção e novas escolhas. Ninguém muda sua forma de pensar, simplesmente, pela tentativa de controlar objetos externos. A ciência tradicional nos ensinou que vivemos separados da realidade externa – o que pensamos não pode alterar a realidade. Tal concepção, em voga na educação conservadora, tão presente na nossa sociedade, nos torna meras vítimas e meras cópias do mundo e dos outros. Isso faz com que não questionemos nada e que aceitemos os rótulos que o mundo nos dá. É alguém que diz de nós – a gente, por si próprio, não teria o potencial de mudar a realidade. Entretanto, esta ideia nada mais é do que uma crença, que se deu através de uma hipnose social e cultural. É uma crença que nos corroi e aprisiona o processo criativo. Entretanto, agora, que você está lendo este texto, não pode mais alegar ignorância. Se você está ciente do seu processo de encantamento, que faz com que você se mantenha de um determinado jeito, sem conseguir uma mudança realmente efetiva, então chegou a hora de descrer. Mudar exige que você questione seus valores e crenças. Exige descrença sobre os antigos padrões. É um processo subjetivo, uma transformação mental – e, claro, não vale culpar a genética, seu corpo, ou a educação que você teve. Nenhuma desculpa é válida. Apenas algo deve persistir: a intenção de ir rumo ao desconhecido. Rumo à liberdade. www.leandromotta.psc.br

*A fagocitose é um processo de digestão de partículas sólidas e microorganismos realizado por fagócitos ou células ameboides (Wiki). Fagocitose hipnótica, termo utilizado metaforicamente, refere-se a um processo de englobamento mental, através do autossugestionamento, no qual todos passamos durante a vida. www.leandromotta.psc.br

Neuropsicanálise e A Necessidade de Sofrer



Freud, na teoria psicanalítica, defendia a tese de que pessoas depressivas possuem uma necessidade de sofrer. O artigo demonstra como a neurociência atual confirmou tal concepção.

Palavras não ditas funcionam como lâminas psíquicas. www.leandromotta.psc.br

A teoria da psicanálise, pautada na divisão mental de id, ego e supereu, define que o ser humano possui necessidades psíquicas, que envolvem a ideia de energia. Nesse ponto, pode-se pensar em um investimento mental para um determinado pensamento ou objeto, em maior ou menor grau.

Quando Sigmund Freud estudou pacientes depressivos, em sua clínica, pôde notar que os mesmos possuíam uma necessidade de sofrer, determinado por um masoquismo dirigido ao eu, ou seja, uma auto-agressão; isso era observado, por exemplo, através da resistência ao tratamento (Freud, 1972). A neurociência atual, bem como seu entrelaçamento com a psicanálise, dita neuropsicanálise, traz à tona o fato de que o nosso cérebro, para cada pensamento, sentimento ou ação, produz determinadas substâncias, que são secretadas, especificamente, pelo hipotálamo. O hipotálamo pode regular hormônios ligados ao estresse ou ao bem-estar, de modo que as conexões neuronais, que são estabelecidas através da formação das memórias, podem ocasionar uma repetição da secreção de certas substâncias (Filho, 2002). E então, entramos no aspecto do vício. Isso significa que somos, de fato, viciados por nossos hormônios, não precisamos de uma adição externa para que configuremos uma situação de vício biológico. www.leandromotta.psc.br

Quando alguém procura realizar mudanças, à partir da auto-análise, acaba por deparar-se, fatalmente, com uma resistência e insistência do organismo em manter determinadas sensações, que se ampliaram através da repetição de certos pensamentos. O enfrentamento dos ganhos secundários de toda doença, é crucial para uma mudança efetiva. Caso contrário, acabamos por encontrar e justificar nosso sofrimento em qualquer situação externa, que possamos nos agarrar – a culpa é dos pais, sociedade ou seja lá qual for este outro. De um modo bem popular: achamos “pelo em ovo” para nos estressarmos ou sentirmos sempre as mesmas coisas. www.leandromotta.psc.br

3 crenças que podem te deixar doente


As nossas crenças mentais, que são formadas através das relações que temos com os outros, podem adoecer o nosso corpo. Essa tese vem sendo confirmada por estudos recentes da psicossomática e da psiconeuroimunologia.

Sem saúde mental não há saúde.

Sem saúde mental não há saúde.

1. Eu não sou bom o bastante www.leandromotta.psc.br

Acreditar que você não é uma pessoa boa pode, de fato, fazer com que o seu sistema imunológico enfraqueça. Isso porque a glândula hipotálamo, localizada no centro do cérebro, acaba por liberar hormônios de estresse caso nos sintamos ruins, sujos ou indignos, o que acaba por ocasionar um sentimento de rejeição e desproteção. Porém, sentir-se protegido e amado é fundamental para que estejamos em harmonia com o nosso corpo. Construir uma boa auto-estima não é papo de autor de autoajuda. Confiar em si mesmo é fundamental para que tenhamos um corpo saudável.

2. Eu não mereço www.leandromotta.psc.br

Essa é, talvez, a pior crença que podemos cultivar. Ela pode ser uma das nossas crenças básicas, que acabam por ramificar outros pensamentos, que derivam da ideia de que não merecemos amor, paz ou felicidade. Essa questão do merecimento atua em nosso inconsciente, principalmente por estar presente na história da nossa sociedade. Durante muito tempo a religião propagou, através do medo e do moralismo, que devemos ser de uma determinada forma para termos as coisas que desejamos, quando, na verdade, tal coisa de merecimento vai depender do que cada sujeito vai achar ser merecedor. O merecimento é de todo ser vivo, pois não há um ser, sentado no Céu, julgando nossos comportamentos.

3. Devemos sofrer para aprender www.leandromotta.psc.br

A crença no sofrimento é a crença no mal, ou seja, a ideia de que a vida é maldosa e nos testa. Boa parte das pessoas acredita que a vida, constantemente, testa o ser humano. É como se houvesse uma prova ou avaliação, onde, para sermos aprovados, devemos sofrer muito, pois a dor “ensina”. Tal ideia está pautada na concepção de que punir funciona. Achamos que se formos torturados, seremos pessoas melhores. Do tipo: “O câncer me tornou uma pessoa melhor”. Porém, isso decorre por, justamente, acreditarmos na dor, pois temos a capacidade de aprender com os erros dos outros e pela inteligência. Infelizmente, parece que a nossa espécie ainda não se deu conta disso.

Por isso, cultive bons pensamentos e dirija a sua atenção para os aspectos importantes da sua vida. Não ter paz na mente é prejudicial à você e a todos aqueles que estão ao seu redor. Cultive a paz e deixe o estresse de lado. Viva o presente e ame-se. Esse é o melhor remédio para a saúde.

Terapia da Realidade: A Cura da Esquizofrenia?


William Glasser faz parte da pequena parcela de psiquiatras que considera haver uma cura para a esquizofrenia. Ele desenvolveu a Terapia da Realidade, que será melhor abordada no artigo a seguir.

“O doente mental precisa de compaixão, e não de prescrições”

“O doente mental precisa de compaixão, e não de prescrições.”

Um olhar diferenciado www.leandromotta.psc.br

Glasser, assim como os líderes do movimento da antipsiquiatria, considera que o conceito de doença mental, como costumamos entender, é um equívoco. Eliminar a própria ideia de doença mental faz parte desta abordagem, que se intensificou após o fracasso da medicina em tratar o louco. O psiquiatra fala, em suas obras, sobre saúde mental. Este é o seu enfoque, ao contrário do DSM (Manual de Diagnóstico e Estatístico das Doenças Mentais); demonstrando um rompimento com a abordagem médico-tradicional, onde se procura tratar o sintoma ou eliminar sua causa subjacente, ou seja, não há uma metodologia bem delimitada para a promoção da saúde mental, o que há é uma gigantesca demanda de eliminação dos sintomas. Depois de Freud, que pautou sua teoria na existência de conflitos psíquicos, na produção do neurótico ou psicótico, a psiquiatria biológica apóia a ideia de que a doença mental é facilmente explicada por uma disfunção cerebral e bioquímica. Contudo, no ano 2000, na sua última edição de Terapia da Realidade, William Glasser desafia fortemente tal concepção. Ele afirma que nós escolhemos o modo pelo qual nos comportamos, incluindo aqueles comportamentos descritos nos manuais de diagnóstico. Este pressuposto foi denominado de Teoria da Escolha, quando há o entendimento de que as pessoas escolhem suas crenças, que podem ocasionar o próprio sofrimento e, então, à partir daí, haveria a possibilidade de escolher crenças saudáveis mentalmente.

O mito do “Cérebro Doente” www.leandromotta.psc.br

A química cerebral de alguém infeliz é diferente do indivíduo feliz, mas isso não é a causa de sua infelicidade, mas sim um resultado de certas escolhas, onde a química não é permanente – ela pode ser alterada pela seleção do comportamento adequado. O uso das drogas psiquiátricas, contudo, dificultam a identificação das necessidades, podendo, inclusive, prejudicar o funcionamento cerebral, pois há uma adição de substância. Ao contrário de doenças biológicas, como a diabetes. Médicos não afirmam que os diabéticos têm alguma espécie de descompensação química, justamente porque lhes falta algo, no caso, a insulina, para que o corpo funcione corretamente, caso contrário, o corpo falece.

O foco da terapia www.leandromotta.psc.br

A Terapia da Realidade está focada na tese de que o indivíduo precisa reconhecer a responsabilidade que possui sobre si mesmo e sobre a vida. A escolha de um determinado comportamento, que possa ser rotulado como doença mental, demonstra uma incapacidade de satisfação das necessidades básicas de todo ser humano: sobrevivência, amor, poder, liberdade e lazer. Porém, a nossa sociedade está cheia de pessoas optando pela ansiedade, hostilidade, obsessão ou pelo medo. Tais escolhas podem acarretar infelicidade, no momento presente, uma vez que, de acordo com Glasser, a doença mental surge quando há uma incapacidade no presente de lidar com certos conflitos; isso significa que se alguém está infeliz ou sofre de um certo sintoma, é porque não o consegue lidar com isso no presente – é diferente do que outros teóricos defendem, onde o modo como se lidou com algum fato no passado, ocasionaria uma desarmonia atual – e é incapaz de descobrir comportamentos mais eficazes para os quais habitualmente apresenta. www.leandromotta.psc.br

Na Teoria da Escolha todo comportamento é composto por quatro componentes inseparáveis: ação, pensamento, sentimento e fisiologia. A ação e o pensamento tem enfoque na terapia, uma vez que estão correlacionados sobre como um paciente está se sentindo. Não deve-se, assim, tentar mudar a fisiologia ou sentimento, pois não é algo que temos controle direto e previsível sobre tais componentes: www.leandromotta.psc.br

    “Se queremos mudar a forma como nos sentimos – e quase todos os pacientes querem se sentir melhor – então devemos pensar e agir de maneira mais eficaz, em nossas escolhas. Como, por exemplo, ao encontrar um amigo, isso pode mudar a nossa química cerebral de solidão para amor e sentimento de pertencimento.” (p. 56)

Peter Breggin, psiquiatra da mesma linha de Glasser, argumentou que “a depressão, o transtorno bipolar, TDAH ou a esquizofrenia nunca provaram ser algo genético, neuroquímico ou de origem biológica”. Breggin apóia uma terapia com base na empatia e no amor, que pode alterar, de fato, a maneira como nos sentimos.

O aconselhamento www.leandromotta.psc.br

Glasser notou que seus pacientes possuíam uma espécie de insatisfação generalizada na área dos relacionamentos, inclusive, principalmente, com a prevalência do sentimento do fracasso do agir e do pensar. Ele se preocupa em demonstrar aos seus clientes o fato de que eles estão escolhendo a forma como se sentem, frequentemente na dor, porém nesta o cérebro não tem outra alternativa senão encontrar algo para superá-la ou que gere criatividade. Entre os inúmeros sintomas apresentados – delírios, alucinações, obsessões, compulsões e depressão – o sofrimento se expressa, em sua criatividade. Com a ajuda do terapeuta, o sujeito pode escolher parar de prestar atenção naquilo que seu cérebro oferece, através de um processo consciente e de aprendizado. www.leandromotta.psc.br

O psiquiatra aconselha que seus pacientes troquem o “Eu sou deprimido” por “Eu estou escolhendo me deprimir”, pois ao fazer isso, existe a possibilidade de escolher algo novo. Além disso, há um empenho para desconstrução de hábitos destrutivos e punitivos, externos. Através de tal desconstrução, o paciente pode substituir um comportamento destrutivo, pela Teoria da Escolha. Glasser, em seu tratamento, indica que o conhecimento de tal teoria é fundamental para a mudança de comportamento. www.leandromotta.psc.br

Milhares de pessoas são tratadas sem a ajuda de medicamentos hoje em dia, isso porque o tratamento sem a medicação decorre pela falta de poder, muitas vezes, que os terapeutas possuem para receitar um remédio. Embora Glasser se apoie em pressupostos hipotéticos, o seu construto teórico pode propiciar uma mudança de atitude, através da escolha de novos comportamentos e no enfrentamento do papel que o próprio indivíduo empenha na construção de seu sofrimento. A prática propicia uma mudança da passividade, para um controle sobre a própria vida, uma vez que o neurótico, o depressivo e o psicótico, assumiram o papel de vítima. Transformar essa posição vitimesca é o principal objetivo da Terapia da Realidade. www.leandromotta.psc.br

O Corpo Fala: Obesidade



Este é primeiro artigo da série “O Corpo Fala”, no qual irei discutir, com embasamento científico, a gênese emocional de diversas doenças. O intuito é ajudar as pessoas que sofrem de uma determinada patologia e que, geralmente, costumam ter uma visão fragmentada sobre o ser humano, ou seja, a doença é vista como um mal puramente corporal – o que, hoje, pode ser considerado um grande equívoco.

A Obesidade vista de outro modo.  www.leandromotta.psc.br

A Obesidade vista de outro modo. www.leandromotta.psc.br

É “Só um corpo”

A obesidade, atualmente, é uma condição frequente e problemática em diversos países, incluindo o Brasil. Aqui, quase metade dos brasileiros adultos sofrem com peso em excesso, com maior prevalência no sexo feminino. Além dos problemas individuais, a obesidade, hoje, é um grave problema de saúde pública, uma vez que a doença pode ter como consequência o surgimento de patologias cardiovasculares (Gigante, 2006).

Durante muito tempo se pensou que a gênese da obesidade estaria somente na genética, nos hábitos alimentares, exclusivamente, e no corpo, na biologia. Isso ocorreu porque a física clássica newtoniana, que esteve ao lado do fundamento científico, considera o materialismo na forma de observar o homem, bem como a visão filosófica de Descartes contribuiu para a crença separatista: a mente seria de outra natureza do corpo, não havendo qualquer tipo de relação entre essas duas entidades. No entanto, o surgimento da medicina psicossomática, em paralelo com a psicanálise, altera este quadro, quando Groddeck escreve “O livro disso”, afirmando que todas as doenças possuem um significado simbólico. Todas as doenças, de acordo com tal psicanalista, seriam psicossomáticas (1984). Mal sabia Groddeck que a neurociência confirmaria os postulados inferidos sobre psicossomática, há anos atrás.

Fatores Psicológicos www.leandromotta.psc.br

A realidade da psicossomática em obesidade ganha maior destaque no fim do século XX, onde diversos autores indicam que a doença poderia estar relacionada como um indicativo de transtorno de imagem do corpo. A imagem corporal (IC) refere-se como cada sujeito vê o próprio corpo; no caso do sobrepeso, há uma dificuldade em reconhecer o real peso. Isso é constatado na maioria dos obesos. Assim como comportamento de passividade e submissão, bem como o uso da alimentação como castigo, ou seja, no caso dos obesos, o excesso da comida pode ser caracterizado como autopunição e, também, como defesa. Em psicossomática, frequentemente, tem-se relacionado a gordura com proteção – ela traz uma sensação de proteção física e até mesmo de proteção psicológica (Barros, 1990).

Refúgio e Solidão www.leandromotta.psc.br

Ainda, há de ser ressaltado, que mediante o desenvolvimento da obesidade, há a constatação de um refúgio na comida, desenvolvendo um processo de solidão, uma vez que o excesso de gordura poderia representar uma dessexualização (Igoin, 1987).

Fatores Familiares www.leandromotta.psc.br

Diversos autores da psicanálise correlacionaram a obesidade com uma complicada relação materna, uma vez que a alimentação do bebê decorre de um processo que envolve uma relação de afeto entre o seio e a construção psíquica-emocional, que se dá paralelamente, à alimentação, através dos mecanismos de introjeção, onde há uma incorporação dos valores dos pais e da sociedade, que são internalizados. Nesse momento, de construção de imagem corporal, a mãe do obeso, por não compreender seu apelo, responde com a alimentação, diante de qualquer demanda. Dessa forma, o excesso de gordura poderia representar o excesso da mãe (Kelner, 2004).

Realidade Virtual www.leandromotta.psc.br

Paciente em tratamento com a Realidade Virtual. www.leandromotta.psc.br

Paciente em tratamento com a Realidade Virtual. www.leandromotta.psc.br

Os estudos modernos da neurociência demonstram que o cérebro possui pouco ou nenhum discernimento entre realidade objetiva e imaginação (Stephan, 1995). Tal fato possibilita um tratamento virtual, através de uma realidade construída virtualmente que, com o auxílio tecnológico, podem promover a neuroplasticidade, e assim a mudança comportamental desejada no paciente com transtorno alimentar. Esse tipo de terapia é denominado de Realidade Virtual, sendo um tratamento promissor com resultados de sucesso para fobias e outros tipos de transtornos. Geralmente, ele vem acompanhado de terapia cognitivo-comportamental. No caso da obesidade, o tratamento consiste em utilizar um capacete de realidade virtual (head-motend VR). Em cerca de 10 sessões, o paciente é confrontado com imagens que podem ocasionar ansiedade, como por exemplo, uma foto do seu próprio corpo. Então, o terapeuta realiza perguntas no momento exato, e, com o auxílio da terapia comportamental, o indivíduo pode mudar a forma como observa seu corpo, alterando usa imagem corporal que, até então, poderia estar distorcida, ocasionando uma mudança comportamental e, consequentemente, uma mudança dos hábitos alimentares, para que o emagrecimento aconteça (Riva, 2005).

Tratamento multidisciplinar www.leandromotta.psc.br

Não é nenhuma novidade que o padrão de beleza, presente em nossa sociedade, pode contribuir para uma busca desenfreada pela magreza. Qualquer indivíduo que conviva socialmente, será atravessado por determinados ideais – sejam eles corporais, sociais, ou psicológicos. A busca do peso perfeito gera um grande estresse coletivo e certa desconfiança no próprio corpo, o que pode contribuir para uma desarmonia do indivíduo como um todo, que constantemente se vê como algo imperfeito. Dessa forma, gerando a construção de uma baixa autoestima, que contribui para que o obeso tenha maior dificuldade em manter novos hábitos alimentares. A mudança da situação do obeso exige uma mudança comportamental, caso contrário, estará fadado a buscar inúmeras dietas sem sucesso. Logo, o tratamento da obesidade exige a multidisciplinaridade, com médicos, psicólogos, nutricionistas e fisioterapeutas, uma vez que a sua causa é multifatorial. A origem envolve a genética, fatores ambientais e comportamentais, questões psicológicas, como, por exemplo, a perda de um ente querido, ansiedade e separação conjugal (Machado, 2002). O que não se pode é achar que a obesidade é um mal meramente corporal, referente apenas à hábitos alimentares equivocados. Fazer isso é negar a realidade humana, e isso é tudo que os obesos não precisam.