domingo, 27 de outubro de 2013

Os 4 maiores mitos sobre a Psicanálise

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A psicanálise, fundada por Freud, ainda é sucesso no mundo inteiro. Os críticos costumam dirigir ataques à área. Boa parte das críticas decorre da ignorância e da falta de conhecimento sobre tal área, que se tornaram os maiores mitos sobre a psicanálise.

Psicanálise

1. A psicanálise é mentalista

Comumente, as críticas dirigidas à psicanálise dizem que esta é uma psicologia “mentalista”, o que seria o mesmo que dizer que para a área, existe uma espécie de entidade mental e mística, não verificável experimentalmente, que causaria o comportamento humano, como se o homem vivesse em ilhas isoladas. Entretanto, este tipo de crítica, realizada com freqüência por psicólogos comportamentalistas, representa a falta de conhecimento com a área psicanalítica. Em psicanálise, as relações sociais e culturais jamais são excluídas, na verdade, a historicidade possui direta ligação sobre o comportamento humano, como Freud apontou em Totem e Tabu, contribuindo com a antropologia social.

A concepção de Outro, para Lacan, implica que homem só existe no contato com o outro (Brauer, 1994). O superego, por exemplo, no qual Freud postulou, tem direta relação com a educação que recebemos na infância. Outros aspectos da teoria psicanalítica, atualmente, acabam com a ideia de que ela é mentalista, como ocorre com sua interligação com a Saúde Mental (Albert & Figueiredo, 2006). Assim, se os behavioristas querem acabar com a credibilidade da psicanálise, terão que arranjar um argumento melhor. Além do mais, os comportamentalistas assumem que fatores orgânicos podem interferir no comportamento humano. Para a neurociência, o cérebro é o órgão da mente, então é contradição afirmar que fatores mentais não podem ocasionar mudanças de comportamento. Aliás, como se vê, ao fazer este tipo de crítica, os behavioristas acabam por postular a própria mente, os pensamentos e a subjetividade, como algo para além da matéria, não-orgânico. A mente pode mudar o comportamento, pois está em concordância com o cérebro. Nenhum psicólogo precisa ter medo de afirmar que a mente humana pode ser a gênese das nossas atitudes, desde que, claro, não tenham uma visão redutível sobre o ser humano, que exclui a relação com o outro.

2. Tudo é sexo para Freud

Dizer que tudo é sexo para Freud, é a mesma coisa que falar que o Behaviorismo só existe para controlar e dominar pessoas, assim como achar que a área pensa que ratinhos de laboratórios explicam a complexidade humana. Sexualidade em psicanálise freudiana é também afeto e amor, ou seja, um conceito bem mais amplo do que puro sexo (Bearzoti, 1994).

3. Psicanálise é placebo

De acordo com os críticos a psicanálise só funciona para quem crê nela, ou seja, o método não teria valor algum. Porém, o efeito placebo é incapaz de acarretar a elaboração do passado e ocasionar mudanças comportamentais que os “insights” podem propiciar. Todavia, alguns hoje já até concordam que a psicanálise funciona, uma vez que exames de neuroimagem têm demonstrado empiricamente a eficácia da área (Doidge, 2012). O fato é que uma análise jamais será um simples falar, pois o ambiente psicanalítico traz novas relações de contingência (termo utilizado no Behaviorismo, que especifica uma relação existente entre termos determinantes do comportamento), através de uma audiência não punitiva, pois um bom psicanalista e um bom psicólogo não devem julgar ou classificar comportamentos.

4. Psicanálise não é ciência

A ciência experimental não tem autoridade para definir o que é científico e o que não é. Pensar que psicanálise não é ciência, implica repensar o que entende-se sobre o conceito de ciência. E é neste ponto que temos que recorrer à filosofia. O empirismo tornou-se a base para as produções acadêmicas, através do positivismo, que se fortaleceu com o avanço do conhecimento. Contudo, ciência é, em essência, um corpo de conhecimento, um método, e não uma posição. Freud utilizou da experiência clínica para desenvolver suas teorias sobre o psiquismo. Entretanto, a experimentação não é fator fundamental para algo ser considerado ciência ou não, vide teoria das supercordas, em física, que é considerada científica, mesmo sem comprovações empíricas. Assim, é só mais uma incoerência afirmar que a psicanálise não pode ser verificada cientificamente, é muito mais como agarrar-se a um conceito absoluto sobre o qual os cientistas devem seguir como dogma. Contudo, a neuropsicanálise vem conquistando evidências empíricas sobre a eficácia da análise (como já citado acima) e traz uma tentativa, perfeitamente plausível, de correlacionar a neurociência com a psicanálise (Lima, 2009).

Da mesma forma não é simples pensar psicanaliticamente, como os críticos insistem em dizer. Requer, muitas vezes, capacidade de autoanálise. É um desenvolver do autoconhecimento, olhar para dentro, pois fomos educados para crer que o mundo de fora é mais real do que o interno, porém, ambos são tão reais quanto, portanto, pode-se pensar também que é muito mais fácil fazer pesquisa puramente experimental do que confrontar-se com a própria experiência humana, que tanto fugimos.
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